"O Mundo é Minha Paróquia" (John Wesley)
Deus Usa o Sofrimento e as Provações Para nos Disciplinar - Parte 2 - Billy Graham
20/12/2012 21:34Para nos Manter Humildes e de Joelhos
Deus permite que o fogo da tribulação entre em nossas vidas para nos tornar, e manter, humildes. Ele podia ter livrado Paulo daquele "espinho na carne", mas recusou todos os pedidos de alívio de Paulo, e prometeu-lhe, ao invés disso, a Sua graça.
Deus também não isenta os cristãos de sofrimento porque ele aumenta a sua vida de oração. Nada nos porá de joelhos mais depressa do que os problemas. Às vezes, em nossas orações perguntamos por que a resposta tarda, dando a impressão de que nunca vai chegar. Muitos dos sofredores de Deus oram pedindo alívio, mas a resposta de Deus parece ser "não". A cura pode não chegar, mas Deus atende às nossas preces. Nem sempre as atende da forma que queremos. Podemos não ter orado segundo a vontade de Deus. No Jardim de Getsêmani, na perspectiva da Cruz, Ele orou: "Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice." (Lucas 22:42, o grifo é meu) Nossas preces precisam estar de acordo com a vontade de Deus pelo simples motivo de que Deus conhece melhor do que nós mesmos o que é bom para nós.
Sem a experiência do sofrimento ou de algum tipo de aflição, jamais seríamos os guerreiros da oração que devemos ser. Nossa natureza tende a negligenciar a necessidade da oração até encontrarmos sofrimento ou dificuldades de qualquer tipo. Freqüentemente, precisamos ser levados à verdadeira oração pelas circunstâncias que nos cercam.
Dwight L. Moody gostava de ressaltar que existem três tipos de fé em Jesus Cristo: a fé que luta, que é como um homem apavorado se debatendo em águas profundas; a fé que se agarra, que é como um homem segurando com força o lado de um bote; e a fé que repousa, que é como um homem a salvo dentro do bote – forte e seguro o bastante para estender a mão e ajudar outra pessoa.
Este é o tipo de fé que você e eu temos que adquirir para sermos eficazes como cristãos – e tal fé pode ser nossa através do ministério do sofrimento em nossas vidas.
George Matheson, que percebeu que estava ficando cego aos dezoito anos, superou a sua deficiência e se tornou um dos melhores estudiosos e pregadores da Igreja Escocesa. Escreveu ele: "Tu, Ó Senhor, podes transformar o meu espinho numa flor. E eu quero o meu espinho transformado numa flor. Jó mereceu o sol depois da chuva, mas será que a chuva fora um desperdício total? Jó quer saber, e eu quero saber, se a chuva nada teve a ver com o brilho do sol. E Tu me podes dizer. Tua cruz me pode dizer. Tu coroaste o Teu triunfo. Que seja esta a minha coroa, ó Senhor. Somente triunfo em Ti quando já aprendi a auréola da chuva."
Para nos Ensinar Paciência
O sofrimento também nos ensina a paciência. Estas palavras foram encontradas rabiscadas na parede de uma cela de prisão, na Europa: "Creio no sol, mesmo quando ele não brilha. Creio no amor, mesmo quando não o sinto. Creio em Deus, mesmo quando Ele está calado." Às vezes, Deus parece tão quietinho! Todavia, quando vemos o modo como trabalha nas vidas aprisionadas por paredes ou circunstâncias, quando ouvimos contar como a fé brilha em meio à incerteza, começamos a vislumbrar o fruto da paciência que pode crescer da experiência do sofrimento.
Diz Pedro: "Pois que glória é, se sofreis com paciência, quando cometeis pecado, e sois por isso esbofeteados? Mas se sofreis com paciência; quando fazeis o bem e por isso padeceis, isto é agradável a Deus." (I Pedro 2:20)
As pessoas sofrem algum infortúnio e pedem a Deus uma explicação à luz de Suas muitas promessas. Muitas vezes, citam um de meus versículos prediletos, Romanos 8:28: "Sabemos que aos que amam a Deus todas as coisas lhes cooperam para o bem, a saber, aos que são chamados segundo o seu propósito." Os cristãos perguntarão: "Como isso poderá funcionar para o meu bem?" Somente Deus poderá fazer com que funcione para o bem, e Ele não pode fazê-lo a não ser que cooperemos com Ele. Em todas as nossas preces, devemos pedir-Lhe que se faça a Sua vontade.
Ouvi a história de um homem que morava perto da minha casa e que ia comprar uma vaca. Era cristão e, ao passar por alguns colegas cristãos no caminho, contou-lhes que estava indo comprar uma vaca de um vizinho, que morava a um quilômetro e meio de distância. Os seus amigos cristãos sugeriram para que dissesse: "Vou comprar uma vaca, se Deus quiser." Ele retrucou:
– Não, estou com o dinheiro no bolso e vou comprar uma vaca.
Dali a uma hora, ele voltou pela mesma estrada, ferido, ensangüentado, as roupas rasgadas. Fora atacado por uns ladrões que sabiam que estava com dinheiro no bolso. Os amigos perguntaram:
E aonde você vai agora?
Vou para casa, se Deus quiser.
Com o seu sofrimento, o homem recebeu uma grande lição, que todos nós devemos aprender. Deus está no controle dos acontecimentos, e temos que ser submissos e pacientes à Sua vontade.
Diariamente, recebo em casa vários jornais. Lendo-os, ou assistindo ao noticiário na televisão, tomo conhecimento de sofrimentos terríveis, do terrorismo, do crime e da injustiça que existem em nosso mundo, e às vezes não posso deixar de me perguntar: "Por quê?" À medida que as nações do mundo estão se armando como nunca antes na História, à medida que se aproxima o Armagedom, é um pensamento reconfortante saber que Deus está por detrás de tudo o que toca a minha vida. Acontecem-me coisas que não consigo entender, mas jamais duvido do amor de Deus. Na hora da provação, talvez eu não possa enxergar o Seu desígnio, mas tenho fé de que esteja alinhado com o Seu propósito de amor. Não sei quais os Seus planos, mas sei que Ele sabe, e isso para mim basta.
Elie Wiesel, um dos escritores judeus mais conhecidos, esteve em Auschwitz, e escreveu: "O céu é o lugar onde perguntas e respostas se tornam uma só coisa."
Ruth, minha mulher, escreveu certa vez:
Deposito meus "porquês"
aos pés da Tua Cruz,
adorando de joelhos,
minha mente atordoada
demais para pensar,
meu coração incapaz de sentir.
E, adorando,
percebo que, conhecendo-Te,
não preciso de "porquê".4
A nossa herança pode ser a das promessas não cumpridas. Fomos abençoados através da capacidade de suportar a dor e da fidelidade daqueles que sofreram no passado; e as pessoas à nossa volta, ou aqueles que virão depois de nós, podem ser abençoados por nossas provações e sofrimentos, e pela maneira como reagimos a eles. Porém, só saberemos a resposta total quando chegarmos ao céu. Jesus falou: "Naquele dia nada me perguntareis." (João 16:23) Quando olharmos para trás e virmos todos os fatores envolvidos, diremos que tudo estava planejado.
4 Ruth Bell Graham. Sitting by My Laughing Fire (Sentada ao pé do fogo risonho), Waco, Word Books, 1977, p. 88.
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