"O Mundo é Minha Paróquia" (John Wesley)


A MENTE RENOVADA - PARTE 2

19/10/2012 12:19

Com a mente renovada, podemos nos maravilhar com o poder de Deus. Somos libertos das atividades improdutivas e não-essenciais. A capacidade de concentração se torna muito mais aguçada; o entendimento, mais perceptivo; a memória, mais pronta; o raciocínio, mais claro; e a perspectiva, menos limitada.

Trabalhamos com mais eficácia, raciocinamos com maior clareza e captamos os pensamentos dos outros com mais facilidade. Como agora estamos livres da linguagem de uma experiência limitada e liberados para o mundo ilimitado do conhecimento espiritual, recebemos o conhecimento espiritual com a mente aberta.

Afastamos toda prevenção e toda idéia preconcebida contra a obra de Deus. Assim, nossa mente se torna capaz de realizar obras até então impossíveis, e de aceitar responsabilidades duas ou três vezes maiores que aquelas que suportaria antes.

Em nossos dias, a mente do cristão é bastante ineficaz, porque ainda não foi renovada. E, mesmo depois de renovado, a velha mentalidade pode atacá-la.

Se não nos opusermos tenazmente à maneira tradicional de pensar, inconscientemente voltaremos a ela. Sabemos que é necessário renunciar às obras da carne e diariamente seguir o espírito. Da mesma maneira, devemos resistir à velha mentalidade e, dia após dia, pensar de acordo com a mente renovada. E uma vigilância absolutamente necessária; se não a exercermos, retornaremos ao estado anterior. Na vida espiritual, sempre é possível ocorrer uma regressão. Se não vivermos a renovação mental com vigilância, poderemos, ainda, acreditar na mentira do inimigo e cederlhe terreno, através da passividade. Para mantermos a mente sempre renovada, em constante progresso, precisamos nos apropriar de suas leis.

Da mesma maneira que o espírito, a mente tem leis. Vamos mencionar algumas delas. Se as colocarmos em prática, obteremos a vitória.

A MENTE TRABALHA COM O ESPÍRITO

Examinando o processo por que passa o crente espiritual para discernir, entender e realizar a vontade de Deus, podemos identificar os seguintes passos:

Primeiro, o Espírito Santo revela a vontade de Deus no espírito do cristão, para que ele a conheça.

Segundo, através da mente ele compreende o significado dessa revelação. Terceiro, com sua vontade ele emprega sua força espiritual para ativar o corpo, a fim de executar a vontade de Deus. Não há nada mais perto do espírito do que a mente. Esta nos permite o aprendizado nas esferas intelectual e material. Com o espírito, percebemos as realidades do mundo espiritual. Já o conhecimento de nós mesmos provém do intelecto. As coisas de Deus nos chegam através do espírito.

Ambos são órgãos de conhecimento, por isso seu relacionamento é o mais íntimo possível. Andando segundo o espírito, descobriremos que a mente é o seu melhor ajudador. Portanto é necessário entender essa operação conjunta.

A Bíblia fala de modo bem claro sobre a coordenação entre o espírito e a mente: "Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes..." (Ef 1.17,18 .) Já explicamos o significado de "espírito de sabedoria e de revelação". Deus nos dá a conhecer a sua pessoa e a sua vontade, concedendo revelação ao nosso espírito.

Agora desejamos observar como a revelação obtida intuitivamente em nosso espírito opera junto à nossa mente. "Os olhos do coração" é uma figura que aponta a sede do raciocínio e do entendimento - a mente. Nessa passagem, a palavra "conhecer", ou "conhecimento", usada duas vezes, serve para transmitir duas noções distintas. A primeira é o conhecimento intuitivo; a segunda, o conhecimento ou compreensão mental. Esse espírito de revelação está localizado no fundo do nosso ser.

Deus se revela ao nosso espírito para que verdadeiramente possamos compreendê-lo, por meio da intuição. Até aqui temos o conhecimento intuitivo, ou seja, enquanto o homem interior sabe, o exterior permanece ignorante. E indispensável comunicar ao homem exterior aquilo que o interior já sabe. Não havendo essa comunicação, não pode existir uma ação conjunta dos dois.

Como é que ela se processa? As Escrituras ensinam que o espírito ilumina a mente, para fazê-la compreender o significado da revelação contida na intuição. Nosso homem exterior depende da mente para compreender as coisas. Por isso, o espírito deve transmitir a esta o que sabe por intuição, de modo que a mensagem chegue a todo o ser, capacitando - nos a andar segundo o espírito.

Primeiro, conhecemos a vontade de Deus pela intuição; depois nosso intelecto a interpreta. O Espírito Santo se move em nosso espírito, produzindo um sentimento espiritual. Em seguida, exercitamos o cérebro para estudar e entender o significado desse sentimento.

Para termos uma compreensão plena da vontade de Deus, é necessário que haja uma cooperação entre o espírito e a mente. O espírito capacita nosso homem interior, a saber; a mente leva o homem exterior a compreender. Tal cooperação ocorre num segundo; descrevê-la, porém, leva mais tempo.

Eles operam como se fossem as duas mãos. Num piscar de olhos, o espírito transmite à mente o que percebeu. Todas as revelações vêm do Espírito Santo e nós as recebemos através do espírito, e não da mente, a fim de que o espírito possa conhecê-la pela intuição. Depois as faculdades mentais as estudam e compreendem.

Temos de recusar com veemência a possibilidade de a mente ser o principal canal de recepção da vontade de Deus. Contudo não devemos impedi-la de servir de canal secundário. O crente carnal vê no raciocínio seu critério de conduta, porque ainda não aprendeu a andar segundo o espírito. O crente espiritual segue o espírito, mas também permite que sua mente compreenda o que o espírito quer dizer. A verdadeira orientação é aquela em que os dois se harmonizam.

Comumente a direção do espírito se opõe àquilo que os homens chamam de raciocínio. Todavia, no crente cujas faculdades racionais foram renovadas, o raciocínio opera junto com o espírito, de modo que a direção deste parece perfeitamente lógica ao seu raciocínio. Já a racionalidade daquele cujo homem interior ainda não alcançou essa condição elevada vai se opor com freqüência à direção do espírito. Vimos em Efésios 1 como o espírito ajuda a mente.

Depois de receber revelação de Deus, o espírito ilumina o intelecto. A mente do homem espiritual não depende da vida natural, e sim da luz do espírito. Se não fosse assim, ela se precipitaria nas trevas. A mente renovada precisa ser dirigida pela luz do espírito.

Desse modo, quando o homem interior estiver bloqueado por espíritos malignos, o indivíduo pode achar seus pensamentos confusos, e todo o seu ser, disperso. A mente do homem espiritual é sustentada pelo espírito.

Se este cair, devido aos ataques, sua influência não pode atingir o cérebro. Assim, a mente começa a perder controle imediatamente. Precisamos estar vigilantes para preservar o relacionamento adequado desses dois elementos e para que nosso espírito não seja sitiado pelos espíritos malignos, afastando a mente de seu funcionamento normal.

Nossa mente é um instrumento através do qual o Espírito Santo age. De que modo se expressa aquele que habita no espírito do homem? Ele não se satisfaz simplesmente com o fato de crermos que ele está presente em nosso espírito. Sua meta é manifestar-se por nosso intermédio, para que outros possam possuí-lo também.

O Espírito Santo exige nossa cooperação em inúmeras situações. Para ele, não basta habitar em nosso espírito; ele quer, também, se expressar por meio dele. E é através da mente que o nosso espírito se manifesta. Quando ela se encontra obstruída, nosso espírito fica privado desfie meio de expressão. Isso impede que o Espírito de Deus flua do nosso interior para outras pessoas. Precisamos da mente, também, para entender o significado do nosso conhecimento intuitivo. Isso abre as portas para Deus comunicar seu pensamento a outros por nosso intermédio. Se nossa mente for estreita e destituída de prudência, a comunhão do Espírito Santo conosco fica prejudicada.

A MENTE, O ESPÍRITO E A MENTE ESPIRITUAL

Quanto mais espiritual for o filho de Deus, maior será sua consciência do que é andar segundo o espírito e dos perigos de andar segundo a carne. Então, o que significa andar no espírito? Em Romanos 8 encontramos a resposta. É cogitar das coisas do espírito e possuir uma mente espiritual. "Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito.

Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz." (Rm 8.5,6.) Andar segundo o espírito significa fixar a mente nas coisas do espírito; significa também permitir que o espírito dirija a mente. Os que agem segundo o espírito são aqueles que se ocupam do que diz respeito ao homem interior.

Portanto sua mente é espiritual. Andar segundo o espírito indica simplesmente que a mente está sob o controle do espírito e "cogita" das coisas que são dele. É isso que caracteriza a mente renovada, que se acha sob o controle do espírito, e está apta para saber quando ele age ou quando se cala.

Aqui vemos, mais uma vez, a relação entre os dois:

"Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito". A mente do homem pode cogitar tanto das coisas da carne como das do espírito.

Nossas faculdades mentais (alma) situam-se entre o espírito e a carne (o corpo). O homem anda naquilo em que a mente se fixa. Se ela se ocupar da carne, andaremos segundo a carne. Se ela se prender ao espírito, andaremos segundo o espírito. Portanto não é necessário perguntar se estamos andando segundo o espírito ou não. Precisamos apenas procurar saber se estamos cogitando das coisas do espírito, isto é, se estamos percebendo se ele está em movimento ou quieto.

E impossível cogitarmos das coisas da carne e ainda assim andarmos segundo o espírito. Sempre seguimos o rumo para o qual nossa mente se inclina. Essa lei é imutável. Em que é que nossa mente pensa e o que é que ela observa em nossa experiência diária?

A quem obedecemos? Estamos atentos ao homem interior ou estamos obedecendo à carne? Ocupando-nos das coisas do espírito, seremos homens espirituais.

Ocupando-nos da carne, nos tornaremos carnais. Se nossa mente não for governada pelo espírito, será pela carne. Se não for guiada pelo céu, será pela terra. Se não receber orientação de cima, receberá de baixo.

Seguir o espírito produz vida e paz. Seguir a carne resulta em morte. Do ponto de vista de Deus, tudo que brota da carne não tem nenhum valor espiritual. Um crente pode viver em "morte", embora ainda possuindo vida.

Por que é tão importante para quem anda segundo o espírito inclinar-se para as realidades do espírito? Porque essa é a condição mais importante para assegurar-se a direção em espírito. Muitos crentes esperam que Deus determine as circunstâncias de sua vida, mas ao mesmo tempo menosprezam a necessidade de atentar para o espírito. Isso significa que eles não estão atentos às sugestões que emanam do fundo do seu ser. Deus, que habita em nós, está sempre nos conduzindo na direção do nosso espírito. No entanto, por causa da dureza da nossa mente, não nos agradamos disso. Realmente, ele se revela à nossa intuição, mas nosso intelecto está voltado para uma infinidade de outros interesses, estranhos ao que se passa no espírito.

Estamos negligenciando nossa percepção espiritual. Às vezes, nosso espírito está bem, mas nossa mente se desvia, incapacitando-nos para seguir o espírito. Tudo aquilo que provém da intuição é delicado e suave.

Se não nos habituarmos a obedecer ao espírito, não poderemos conhecer os pensamentos dele e andar de acordo com eles. Nossa mente deve estar alerta como um vigia, aguardando sempre o mover no homem interior, a fim de que nosso homem exterior se torne totalmente submisso. Deus sempre nos orienta através de toques delicados no espírito. O Senhor nunca usa de sentimentos fortes e coercivos para forçar o homem a obedecerlhe.

Invariavelmente, ele nos dá a oportunidade de decidir. O que nos é imposto à força nunca provém de Deus; é obra dos espíritos malignos. Se não atendermos aos requisitos para a operação do Espírito Santo, ele não atuará. Por isso, não podemos simplesmente nos limitar a esperar sua direção. Se quisermos que o Espírito nos guie, temos de levar nosso espírito e nossa mente a operar ativamente junto com ele. Andaremos segundo o espírito se exercitarmos nosso homem interior para cooperar com o Espírito Santo, e fizermos nosso homem exterior seguir o movimento, ou o silêncio, em nosso espírito.

A MENTE ABERTA

Além de experimentarmos a revelação direta de Deus, muitas vezes tomamos conhecimento da verdade através da Palavra pregada por outros servos do Altíssimo. Recebemos essa verdade primeiro no intelecto; depois ela alcança o espírito. E através da mente que entramos em contato com os ensinamentos dos outros.

Dificilmente, isso se dá por meio de outro canal. Por isso, uma mente aberta é da maior importância para a vida espiritual. Se tivermos o cérebro cheio de preconceitos em relação à verdade ou ao pregador, não captaremos nenhuma mensagem. Com isso, a verdade não influenciará nossa vida. Não é de admirar que alguns cristãos não recebam nenhuma ajuda. Eles já decidiram o que querem ler ou ouvir.

Se estivermos familiarizados com o processo de comunicação da verdade, perceberemos a importância de ter uma mente livre. A verdade chega primeiro à mente; depois entra no espírito, despertando-o. Por fim, ela se manifesta em nosso viver diário. A mente fechada, preconceituosa, impede que a verdade entre no espírito.

Opõe-se a tudo que seja diferente daquilo que pensa, criticando-o. Seus conceitos constituem o padrão da verdade. Vê tudo o que lhe é contrário como inverdade. Uma mente dessas impede que muitas das verdades de Deus penetrem no coração. Assim está prejudicando sua própria vida espiritual.

Muitos cristãos experientes podem testemunhar da necessidade de uma mente despida de preconceitos, no tocante à revelação da verdade. Constantemente, estamos recebendo muitas verdades, mas não as compreendemos por faltar-nos uma mente aberta. Deus precisa de muito
tempo para remover os obstáculos, para que possamos aceitar a verdade! Uma mente desobstruída, aliada a um espírito livre, ajuda-nos muitíssimo no conhecimento da verdade.

Se nossa mente estiver aberta, logo perceberemos como é preciosa uma verdade que inicialmente nos parecia ofuscada, mas agora tem a luz do espírito. É sempre assim que recebemos a verdade.

Inicialmente, ela parece destituída de propósito. Depois de algum tempo, porém, a luz do espírito brilha em nossa mente, capacitando-a a compreender o quanto aquela verdade é profunda. Podemos até não dispor das palavras adequadas para expressá-la, mas bem no íntimo a compreendemos perfeitamente. A mente aberta permite que a verdade entre; a luz do espírito torna-a proveitosa.

A MENTE CONTROLADA

Tudo em nossa vida deve estar sob controle, inclusive a mente, mesmo depois de renovada. Não podemos soltar as rédeas, senão os espíritos malignos tirarão proveito disso. É Importante lembrar que o pensamento é a semente da ação. Um descuido nessa questão invariavelmente conduz a um pecado.

Qualquer pensamento que semearmos, mais cedo ou mais tarde, acabará germinando. Todos os pecados inconscientes ou de arrogância têm origem nas sementes de pensamento que permitimos ao inimigo plantar em nós. Se deixarmos que uma noção pecaminosa se instale em nossa mente, algum tempo depois, anos talvez, surgirá um ato pecaminoso proveniente dela. Se, por exemplo, concebermos um mau pensamento contra nosso irmão, devemos imediatamente erradicá-lo, purificando nossa mente.

Se não o fizermos, colheremos um fruto repugnante. Devemos empregar todos os nossos esforços ao tratar com nossos pensamentos. Se deixarmos nossa vida mental sem controle, possivelmente não teremos domínio sobre mais nada. Por isso Pedro nos exorta a cingir a mente (1 Pe 1.13), isto é, a controlar nossos pensamentos, sem jamais deixá-los soltos.

O propósito de Deus é que levemos "todo pensamento cativo à obediência a Cristo". Por isso, devemos examinar cada um dos nossos pensamentos sob a luz de Deus, não permitindo que nenhum deles escape à nossa observação ou julgamento. Temos de examinar e controlar todo pensamento.

Para dominarmos a mente, não podemos ter nenhum pensamento impróprio. Devemos lançar fora tudo que for inconveniente. Também não podemos deixar a mente ociosa. Ela deve avaliar tudo com cuidado, para que possamos ser prudentes e espirituais. Não devemos permitir que a mente vagueie, para evitar que os espíritos malignos venham a agir sobre ela. Ela não deve ser preguiçosa, nem inativa. Antes, deve estar em permanente atividade. Mesmo depois de recebermos uma revelação no espírito, precisamos exercitar o intelecto para examinar se ela procede de Deus ou de nós mesmos.

Ao tomar qualquer atitude, precisamos também descobrir se estamos seguindo inteiramente o espírito, agindo no momento de Deus, ou se há algo que procede de nossa própria mente. Essa atividade mental ajuda o espírito a tornar clara a revelação recebida pela intuição, e também a identificar qualquer discrepância.

Todo pensamento centralizado no ego impede-nos de conhecer a vontade divina; pois somente o que desaprova o "eu" é correto. Deus não quer que o sigamos cegamente. Quer que compreendamos sua mente com lucidez. Devemos desconfiar de tudo que for destituído de clareza.

Sempre que a mente estiver em atividade, devemos ter cuidado para ela não operar sozinha, ou seja, independentemente do governo do espírito. A mente liberta do "eu" pode entender melhor a vontade de Deus; mas a independente apenas mostra a corrupção da carne. Muitos crentes, por exemplo, examinam as Escrituras com a razão, apoiados em sua própria capacidade intelectual. No entanto, a verdade que declaram conhecer está apenas na cabeça deles. Essa atitude mental independente é bastante perigosa, pois não edifica ninguém. Só serve para fornecer alguma informação que vai alimentar os pensamentos e servir de base para a jactância. Deveríamos rejeitar com vigor todas as verdades que afio fruto apenas da mente, pois possibilitam a operação de Satanás. Temos de restringir todos os desejos de busca do mero conhecimento intelectual.

A mente deve funcionar, mas também precisa de descanso. Se trabalhar incessantemente, sem nenhum repouso, acabará adoecendo, da mesma maneira que o corpo. Devemos regular nossa atividade, evitando que a mente se torne superativa e fora de controle. A derrota de Elias, quando estava debaixo da árvore de zimbro, deveu-se a um trabalho excessivo da mente (1 Rs 19).

Devemos conservar a mente na paz de Deus o tempo todo. O profeta Isaías diz: "Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti" (26.3). Um cérebro que não descansa fica perturbado, prejudicado tanto para a vida espiritual como para o serviço espiritual. E por isso que muitos têm caído no erro. Uma mente sem paz não pode funcionar bem. Por isso, o apóstolo Paulo ensina a não nos inquietarmos por coisa alguma (Fp 4.6). Devemos entregar todas as ansiedades a Deus, tão logo elas surjam. Que a paz de Deus governe nosso coração e nossa mente (v. 7)!

Contudo Paulo também nos exorta a colocar nossa mente para trabalhar e a não deixá-la ociosa: "Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento" (v. 8).

Não podemos deixar que as emoções controlem a mente. Ela deve descansar tranqüila em Deus e operar pela fé. Esse é o significado de uma mente moderada que Paulo recomenda que cultivemos (2 Tm 1.7). Devemos seguir a intuição do espírito e julgar tudo segundo o mandamento de Deus, que estabelece o que é certo e o que é errado.

Nossa atitude mental deve ser sempre de humildade. A mente orgulhosa facilmente provoca desvios. Qualquer idéia de justiça própria, de importância própria, ou de auto-suficiência pode nos levar ao erro.

Alguns crentes, apesar de possuírem enorme bagagem de conhecimentos, caem no engano próprio por pensarem demais em si mesmos, e sempre de modo muito elevado. Se quisermos servir ao Senhor genuinamente, devemos fazê-lo "com toda a humildade" de mente (At 20.19). Temos de lançar fora toda consideração enganosa, e procurar determinar qual é nosso lugar no corpo de Cristo, de acordo com a designação de Deus.

A MENTE CHEIA DA PALAVRA DE DEUS

"Na sua mente imprimirei as minhas leis", declara o Senhor (Hb 8.10). Devemos ler muito a Palavra de Deus e decorar mais textos dela, para que nos momentos de grande necessidade possamos lançar mão desse conhecimento. Se lermos a Bíblia com diligência, Deus fará com que suas leis estejam presentes em todos os nossos pensamentos. Quando estivermos necessitando de luz para o nosso caminho, logo nos lembraremos daquilo que a Bíblia diz. Muitos não querem exercitar a mente lendo a Palavra. Eles oram e depois abrem a Bíblia, aceitando como sendo de Deus o que lhes aparecer.

Não podemos acreditar nessa prática. No entanto, se a Palavra estiver abundando em nossa mente, o Espírito Santo pode Iluminá-la de vez, através da intuição do espírito, trazendo à lembrança um versículo apropriado à nossa situação. Não é preciso que ninguém nos diga que não devemos roubar, pois sabemos disso pela Palavra de Deus. Ela já está em nossa mente. O mesmo se aplica a qualquer outro assunto. Desse modo, se estivermos firmes nas Escrituras, poderemos compreender a mente de Deus em qualquer circunstância.

CLAMAR POR UMA MENTE PURIFICADA

Devemos estar sempre pedindo a Deus que purifique nossa mente e a mantenha sempre renovada. Temos de pedir ao Senhor para extirpar todo pensamento negativo que se refere a ele, bem como toda idéia estranha, de tal forma que só aviamos naquilo que procede unicamente dele.

Vamos orar pedindo a Deus que nos conceda pensar apenas nele, e também fazê-lo de modo correto. Pecamos ainda que nenhum pensamento brote de nossa natureza corrompida, e, se brotar, que sua luz possa imediatamente identificá-lo e desfazê-lo. Vamos pedir a Deus para guardar-nos dos velhos pensamentos, a fim de que a igreja de Cristo não seja dividida por doutrinas sectárias. Pecamos também que o Senhor impeça que nossa mente receba qualquer doutrina facciosa, que provoque separação entre irmãos.

Roguemos-lhe que tenhamos todos uma só mente; e, se não conseguirmos essa unidade em alguma questão, que esperemos por ela sincera e pacientemente.

Supliquemos ao Pai que jamais abracemos idéias ou ensinamentos errôneos. Imploremos-lhe que nos ensine a "morrer" não apenas para nossa natureza corrompida, mas também para nossa mente carnal.

Roguemos-lhe que nossas idéias jamais venham a ser motivo de divisão no corpo de Cristo. Peçamos-lhe que não permita que nos enganemos de novo. Imploremos em favor dos nossos irmãos, para que também possam viver para ele, deixando de lado toda provocação e toda atitude sectária, e que todos possam verdadeiramente desfrutar da comunhão fraternal plena.

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