"O Mundo é Minha Paróquia" (John Wesley)


A MENTE RENOVADA - PARTE 1

18/10/2012 11:28

O que Deus quer, por ocasião da conversão, não é apenas uma mudança na nossa mente. Sua vontade é que tenhamos uma mente totalmente renovada, transparente como cristal. Encontramos esse mandamento na Palavra de Deus. Satanás opera no cristão porque ele ainda não foi totalmente liberto da mente carnal.

Inicialmente, ele pode ter uma mentalidade bitolada, incapaz de tolerar os outros. Ou pode ter uma mentalidade obscurecida que não consegue compreender as verdades mais profundas, ou ainda uma mentalidade tola que não dá conta de nenhuma responsabilidade importante. Depois, passa a pecados mais sérios.

Isso acontece porque "o pendor da carne é inimizade contra Deus" (Rm 8.7). Conhecendo o ensino de Romanos 6, muitos cristãos se acham já libertos da mente carnal. O que não lhes agrada é ter de deixar a cruz operar minuciosamente em cada área de sua vida.

O "considerai-vos mortos para o pecado" deve ser seguido pelo "não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal" (Rm 6.11,12). Seguindo a mudança de mentalidade, outro fato deve ocorrer: todo pensamento deve ser levado cativo a Cristo (2 Co 10.5). A mente deve ser renovada completamente, visto que qualquer resíduo de carnalidade é inimizade contra Deus.

Para termos uma mente renovada, devemos nos aproximar da cruz. Em Efésios 4, o apóstolo Paulo mostra isso com clareza. Nos versículos 17 e 18, ele afirma que a mentalidade carnal do homem encontrase obscurecida. Em seguida, nos versículos 22 e 23, ensina como a mente pode ser renovada: "... vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento". Sabemos que o nosso velho homem já foi crucificado com o Senhor (Rm 6.6).

Agora ele nos exorta a nos "despojar", para que nossa mente possa ser renovada. Isso revela que a cruz é o instrumento de renovação. O crente deve compreender que seu velho cérebro também é parte do velho homem, do qual Deus quer que nos despojemos completamente.

A salvação que o Senhor comunica através da cruz compreende não apenas uma nova vida, mas a renovação de cada função da nossa alma também.
 

Precisamos ir pouco a pouco "desenvolvendo" essa salvação, profundamente arraigada em nosso ser. Os cristãos hoje cometem uma falha grave, quando não percebem a necessidade de salvação para sua mente (Ef 6.17). Concebem a salvação em termos vagos e gerais. Não reconhecem que Deus deseja salvá-los completamente, de tal modo que todas as suas capacidades sejam renovadas e adequadas para o uso do Senhor.

A mente é uma das capacidades naturais do homem. Deus nos conclama a crer que o velho homem foi crucificado. A partir daí precisamos aceitar sinceramente o julgamento divino para com o velho homem e exercitar nossa vontade para resistir a seus feitos, despojando-nos deles, inclusive dos antigos pensamentos.

Devemos chegar ao pé da cruz com o desejomde abandonar a mentalidade tradicional, confiando que Deus vai nos dar uma nova mente. Irmãos, precisamos nos despojar da velha mente de modo completo.

E claro que essa renovação é obra de Deus, mas o despojar-se - negar, abandonar - do velho órgão do pensamento é tarefa nossa. Se realizarmos nossa parte, o Senhor fará a dele. Se nos despojarmos de fato, poderemos então acreditar que Deus vai renovar nossa mente de maneira completa, mesmo sem sabermos como.

Muitos são os filhos de Deus que, embora entregaram a sua vida a  e possuindo uma nova vida, continuam carregando a velha mente. Não houve nenhuma mudança nas suas antigas teorias, nos seus processos mentais e nos seus preconceitos. Essas pessoas apenas receberam um invólucro de cristão. Usam seu velho cérebro para pesquisar, aceitar e propagar a verdade espiritual. Não é de admirar que estejam freqüentemente caindo em erros ou que precipitem conflitos intermináveis na igreja.

Da mesma maneira que Deus não está satisfeito com aquele que realiza a obra do Senhor em sua própria força, ele está insatisfeito com aquele que usa a mente natural para apreender a verdade divina. A mente não renovada acha-se espiritualmente morta. Por isso, tudo o que dela procede está morto também.

Muitos podem orgulhar-se dos seus profundos conhecimentos da Bíblia e da excelência de suas doutrinas teológicas, mas aqueles que possuem discernimento espiritual têm consciência de que tudo isso está morto.

Por reconhecer que nossa mente está envelhecida, naturalmente passamos a ter o propósito de nos despojar dela pela cruz. Para isso, devemos negar dia após dia todos os pensamentos carnais. De outro modo, será impossível experimentarmos a renovação. Como é que Deus pode ter sucesso em sua missão de renovar nossa mente, se continuarmos ainda pensando segundo a carne?

Com paciência e determinação, devemos examinar todos os nossos pensamentos, mas do ponto de vista de Deus.

Qualquer coisa que não seja dele, ou que seja contrária à sua verdade, deve ser "espremida" ou "forçada" para sair da mente. Devemos igualmente rejeitar o simples conhecimento intelectual da verdade.

Paulo revela que a mente não renovada está cheia de argumentos e imaginações altivas (2 Co 10.5). Essas coisas nos impedem de chegar ao verdadeiro conhecimento de Deus. Devemos trazer todos esses pensamentos cativos à obediência de Cristo. O apóstolo diz "todo pensamento". Assim, não podemos deixar se submeter nem um deles sequer a esse processo. Não descansemos enquanto não levarmos cada pensamento à sujeição a Cristo. Examinando nosso pensamento, iremos verificar:

(1) se ele vem da nossa mente velha,

(2) se emana do terreno cedido;

(3) se vai oferecer mais terreno aos espíritos malignos;

(4) se brota de uma mente normal e renovada.

Devemos nos perguntarpor que ele está confuso, cheio de preconceitos, rebelde ou irritado; por que se opõe a determinada verdade antes mesmo de examiná-la; por que é contra alguns cristãos dos quais apenas ouviu falar; e se tem base suficiente para opor-se dessa maneira, ou se os detesta simplesmente por ter uma mente natural.

Durante esse processo, devemos examinar todo pensamento e tudo aquilo que provém da nossa imaginação, a fim de detectar quais são os que brotam do velho homem, rejeitando-os imediatamente. Para quem vive de forma leviana, tal exercício, sem dúvida, parece insuportável.

Dirigida pelas potestades das trevas, a mente dessas pessoas está solta e desenfreada. No entanto, não podemos perder de vista que se trata de uma guerra. Se não lutarmos, como poderemos retomar a fortaleza do adversário que se acha instalada em nossa mente?

O inimigo é uma realidade inconteste; desse modo, não temos outra coisa a fazer senão exercer contínua vigilância.

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